Envelhecimento Ativo
Professora Doutora Constança Paúl
No dia 13/06/2014 ocorreu a conferência “Envelhecimento Ativo”, na Escola Superior de Educação de Portalegre no âmbito do Mestrado de Gerontologia, com a Professora Doutora Constança Paúl.
Ao abordar o Envelhecimento ativo é necessário refletir sobre um conjunto de fatores, nomeadamente as características individuais/ oportunidades sociais (a forma como o individuo intervém com o meio e como o meio influencia o individuo), necessidades e os serviços disponíveis (que serviços são necessários e quais existem para suprimir as necessidades dos indivíduos) e a responsabilidade social e individual (como a sociedade pode contribuir).
Em Portugal, de acordo com os Censos 2011, existem cerca de 2 milhões de pessoas com mais de 60 anos, o que leva a que a temática do envelhecimento seja pertinente.
O envelhecimento deve ser pensado em função do género. As mulheres apesar de terem uma esperança média de vida superior à dos homens, têm mais morbilidade, ou seja vivem mais anos mas com mais problemas de saúde.
Existem alguns mitos sobre os idosos que são necessários desmistificar. Os idosos não são todos iguais e mantêm contacto com as famílias. Apesar de existirem alguns idosos dependentes, grande parte deste grupo não é, nem se encontra institucionalizado. As demências e a depressão apesar de serem associadas a características da velhice, não ocorrem em todos os idosos.
Portugal encontra-se bem localizado a nível de longevidade, no entanto é dos países com menos saúde em indivíduos a partir dos 60 anos. Existem alguns constrangimentos e desafios futuros devido ao envelhecimento demográfico. Irão existir mais pessoas velhas e será necessário retardar o tempo de entrada para a reforma.
Os idosos atualmente são mais saudáveis do que há duas décadas, devido aos diagnósticos precoces, melhores tratamentos, menos incapacidade e redução da incapacidade associada a doenças cardiovasculares.
Com as projeções demográficas existentes será cada vez mais necessário refletir sobre o envelhecimento ativo e no que este conceito abarca.
O conceito de envelhecimento ativo tem como pilares a participação social, a saúde e a segurança. A autonomia e a independência nas atividades de vida diária são fatores que devem acompanhar o envelhecimento ativo, facilitando a integração e a motivação dos idosos na vida laboral e social (Páscoa, 2012).
O envelhecimento ativo tem como finalidade a qualidade de vida do idoso e apagar a visão negativa associada ao idoso. A finalidade do envelhecimento ativo só é possível ser concretizada através do desenvolvimento e promoção de políticas sociais de “participação, prevenção, intervenção e reabilitação, quer ao nível da educação, quer ao nível da saúde” (Páscoa, 2012:12).
O género e a cultura do idoso devem ser tidos em conta para atingir um envelhecimento ativo com sucesso
O Envelhecimento Ativo, de acordo com Simões, 2006 cit. in Páscoa, 2012 permite ao individuo funcionar eficazmente do ponto de vista físico e mental. De acordo com o mesmo autor existem aspetos fundamentais a ter em conta para um envelhecimento bem-sucedido: baixo risco de doenças, bom funcionamento físico e mental, empenho ativo na vida e bem-estar. O bem-estar é um aspeto subjetivo que varia de acordo com os traços de personalidade, humor, o ambiente e a história de vida do idoso (Paúl, 1996: 30 cit. in Páscoa, 2012).
A promoção do envelhecimento ativo e saudável, de acordo com Fonseca (2005) cit. in Soeiro, 2010:40 determina a participação social em vários setores “saúde, a educação, a segurança social e o trabalho, os aspetos económicos, a justiça, o planeamento e desenvolvimento rural e urbano, a habitação, os transportes, o turismo, as novas tecnologias, a cultura e os valores que cada sociedade defende e que cada cidadão tem como seus”.
De acordo com Paúl & Fonseca, 2005 cit. in Páscoa, 2012:14 o envelhecimento ativo “aplica-se tanto a indivíduos como a grupos populacionais e permite que as pessoas percebam o seu potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida e inclui a participação ativa dos idosos nas questões económicas, culturais, espirituais, cívicas e na definição das políticas sociais
O envelhecimento ativo coloca assim um desafio à responsabilidade individual e coletiva: envelhecer com saúde, autonomia e independência. O envelhecimento deve de ser olhado com uma atitude mais preventiva e promotora da saúde e de autonomia. Importa assim, reduzir as incapacidades numa atitude de recuperação global. Para tal, a comunidade deve ser envolvida, numa responsabilidade partilhada, de forma a potenciar os recursos existentes e a dinamizar ações cada vez mais próximas do cidadão. (Soeiro, 2010)
Bibliografia:
Páscoa, G. (2012). O contributo da web social – rede social Facebook – para a promoção do envelhecimento ativo: estudo de caso realizado na USALBI. Dissertação de mestrado não publicada, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa
Soeiro, M. (2010). Envelhecimento Português, desafios contemporâneos: estudo de caso. Dissertação de mestrado não publicada, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa
Sugiro os seguintes livros: